Contos da Natureza: O Melhor da Natureza

Componentes:
Anderson Raimundo Coutinho da Silva Junior
Levi Ualison Fontes Dos Santos
Maiana Cristina Bispo Dos Santos

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Um Céu Estrelado


Nesta noite tão escura quanto um céu sem estrelas, as ocas cintilam como as estrelas que deviam estar nos céus, todos descansam de suas longas jornadas entre caças, pescas e lutas para se defender, quase não se ouve outros sons além dos da floresta entre os animais e insetos que balburdiam a noite inteira sem cessar, mas essa noite incomum estava silenciosa como a morte.
Em um rio próximo a aldeia um jovem pesca distraidamente que nem nota o desaparecimento do sol que trazia a noite consigo, ele não havia conseguido nenhum peixe desde que tinha começado a pescar, então estava decepcionado ao ponto de não desistir até pegar algo que realmente o satisfazem-se. Ele ouve passos estranhos entre as moitas que o incomoda e o faz parar de se concentrar do seu trabalho.


-Quem está aí? Nina é você? Ele levanta-se abruptamente de seu acento e continua a perguntar, então anda lentamente em direção ao arbusto no qual ouviu o tal barulho e chegando a tal arbusto depara-se com um porco selvagem que ali estava comendo algumas frutinhas na moita, mas assim que o animal me notou saiu correndo como se estive de cara com a morte. Ao mesmo tempo o vento noturno se acalma rapidamente e a lua começa a aparecer por detrás das nuvens e começa-se a notar estranhas sombras ao redor do índio que vira-se em espanto e assusta-se com a sua visão...



No outro dia uma algazarra se instala por toda a aldeia, todos parecem se perguntar o que aconteceu na noite anterior, nenhum daqueles presentes parece aceitar o acontecido, o jovem índio Apoema aparecerá morto pendurado pelas pernas em uma arvore próxima a sua Oca, e com sua barriga aberta como se algo o tivesse abrido e o devorado. A pobre Nina, a mulher prometida por casamento do jovem Apoema não se aguentava de tanta tristeza e acabou aos prantos de tanto chorar, nesta hora chega Raoni, o pajé da aldeia, clamando por proteção.


- Oh! Jaci nos proteja e nos mantenha fortes para enfrentar calamidades! O que ouve aqui? –Pergunta o pajé
 Raoni
- Encontramos Apoema morto, tudo o que sabemos foi que o Apoema estava pescando até tarde da noite. –Responde um dos sacerdotes que lá estavam

- E melhor começarmos o ritual para a partida do jovem. – Diz o pajé Raoni
-Temos que fazer algo em quanto a isso Pajé, não podemos simplesmente deixar tudo como está! –Fala Nina a noiva do falecido que estava em prantos

- Isso ocorreu pois o jovem não vigiou minha filha ele não pediu proteção a Tupã não podemos fazer nada, mas para te acalmar vou mandar dois homens darem uma olhada no último local onde o jovem foi visto. - Diz o pajé Raoni



Mais tarde os dois homens enviados por Raoni chegaram ao local onde o jovem foi visto pela última vez, e se deparam com uma grande poça de sangue entre os arbustos com alguns animais vasculhando o local, quando eles se aproximaram os animais saíram assustados e, atrás do arbusto, estava um jarro de mais ou menos dois palmos de altura, um deles, curioso abriu o jarro e olhando para dentro estava...

Enquanto isso na aldeia o corpo do jovem Apoema já tinha sido retirado pelos sacerdotes e já estava pronto para a cremação, pois o costume deles era cremar os mortos ao anoitecer quando o sol se afasta da lua. As pessoas da aldeia começavam a comentar entre si, alguns falavam que era obra de animais, outros de espíritos malignos, mas todos concordavam em uma coisa, eles não estavam mais seguros a noite, por essa razão muitos não compareceram ao ritual de despedida, apenas Nina e os sacerdotes junto do Pajé Raoni que começavam uma oração para que o jovem fizesse sua passagem em paz.
Ao mesmo tempo que os sacerdotes estavam orando um dos homens que o Pajé mandou ir ao local onde o Jovem foi morto voltou correndo e com o rosto com feições de medo, ele para em frente ao corpo, sua pele estava coberta de suor e sua respiração estava ofegante, então o Pajé aproxima-se do homem e o pergunta o que ocorreu.
O homem ofegante não consegue responder de imediato, respira, inspira e respira novamente antes de responder algo ao Pajé;
Um dos sacerdotes pula em direção ao Pajé e o empurra, enquanto que o homem saca um punhal, mas como o sacerdote empurrou o pajé de maneira que ele foi acertado, e não aguentando caiu ali mesmo debruçado no chão, nesta mesma hora os outros três sacerdotes o agarraram e pegaram o objeto cortante que o mesmo estava segurando.


- Por que você fez isso? –o pajé pergunta ao homem que o tentou matar

- Você não entende, eu não tive escolha, Ele me mandou fazer isso.

- Quem pediu? – Pergunta o pajé

- Ele está vindo, não se preocupe, logo, logo Ele chegará...

Com isso o homem apaga e perde qualquer sinal de vida que poderia ter tido.

- O que faremos com ele? – pergunta um dos sacerdotes

- Eu... eu não sei, deixem-no aqui mesmo, o que está acontecendo?! Não digam a ninguém o que ocorreu aqui.


A noite chega, e a lua começa a resplandecer com toda força, neste instante o pajé inerte em tudo que está acontecendo decide se retirar e seguir para a sua tenda, enquanto que os sacerdotes arrumavam um lugar para os corpos e terminavam a cremação, Nina segue para fora do recinto depois de um tempo quando se acalmou mais, no lado de fora ela distraída se esbarra com um homem, e quando levanta a cabeça ela vislumbra um pingente lindo no pescoço do rapaz, ela desculpa-se e pergunta se o conhece de algum lugar,  o rapaz diz que não e segue em frente. Nina segue para a Oca de Raoni para ter respostas, ela sentia que ele sabia o que estava acontecendo, chegando ao local ela entra na oca e avista o pajé em meditação profunda, ela espera por alguns minutos até ele despertar de seu transe, ele por, espanta-se ao encontrá-la de frente a ele assim que abriu os olhos e fala.


- O que está fazendo aqui?

- Eu sei que você sabe de algo sobre o que está acontecendo!? – Nina responde

- Eu não acreditava, eu pensava ser uma superstição apenas; mas quando eu encontrei aquele jarro eu vi que algo precisava ser feito, não poderia deixar Ele despertar, não agora... eu tentei fazer algo... mas Ele não aceitou...

-  Quem é Ele? - Nina Pergunta
- Ele não possui um nome, apenas aparece de tempos em tempos provocando caos aonde aparece, quando eu era menor, ouvi dizer que em apenas uma noite dizimou todos de um vilarejo sem deixar sobreviventes, apenas para saciar sua fome por sangue. Desde há muito tempo todos os vestígios de suas aparições foram passadas de geração em geração para tentarmos prevenir o caos, mas parece que eu falhei em proteger a todos.

- Mas podemos fazer algo, não podemos? Eu não quero que o Apoema tenha morrido em vão. – Nina com uma cara de espanto pergunta

- Precisamos achar o Jarro e tampá-lo corretamente, só assim poderemos detê-lo por algum tempo. – O pajé responde

- E onde está este jarro agora?

- Pelo que eu ouvi Ele está...


Eles ouvem gritos interrompendo a fala de Raoni, os dois saem da oca, outro grito soa pelo ar, só que dessa vez deu para identificar de onde ele veio, do local onde estava os sacerdotes.


- Começou, diz o Pajé, temos que sair daqui, mas antes disso eu preciso saber se você viu alguém usando um acessório estranho em algum lugar hoje?

- Eu não sei... espere, quando eu estava vindo para cá eu vi um rapaz usando um pingente bem estranho.

- É isso, precisamos dele para detê-lo, você tem que pegá-lo para mim, enquanto eu preparo todo o ritual. Quando você estiver com o pingente siga para o rio onde Apoema estava, mas não demore, precisamos fazer o ritual antes da Lua alcançar o centro do céu.

- Certo más e sé eu não conseguir?

- Será o nosso fim, é só o que eu tenho a dizer!?


Então os dois separam-se, enquanto um segue em direção para fora da aldeia, Nina vai procurar o pingente, o único meio de parar todo esse caos. Ela já tinha uma noção de onde estaria esse pingente que ela tanto precisava, a última vez que ela o tinha visto foi no pescoço daquele homem que ela não se lembrava da onde o tinha visto, ele estava indo em direção aos sacerdotes.
Então ela correu em direção onde estava os sacerdotes o mais rápido possível, se aproximando do local ela se depara com vários corpos no chão, não dando para diferenciar se estavam vivos ou mortos, mas uma coisa Nina acreditava, que ainda dava tempo dela fazer algo, então ela desacelera e começa a esgueirar-se passivamente, enquanto adentra-se o mais próximo possível do local, não tardando ela se aproxima o suficiente da entrada do local e avista todos os sacerdotes caídos no chão com suas gargantas cortadas, um sentimento de repulsa começa a vir deixando-a enjoada, quando ela vira-se novamente para olhar o local ela se depara com o homem que avistará mais cedo bem na sua frente, abaixado próximo dela como se estive-se ali todo o tempo.


- Você é bem forte, ainda está de pé, mesmo depois de estar diante de min.

- Quem é você? - Nina pergunta.

- Você não precisa saber, mortos nem deveriam falar.


Ele retira suavemente sua mão que estava nas costas, mostrando um punhal, rapidamente Nina estando próxima o suficiente dele agarra o pingente, mas ao mesmo tempo Ele acerta o braço de Nina com o punhal rasgando-o; ela rapidamente começa a correr enquanto grita, sem tempo para sentir sua dor, pois o tempo não para, ela precisava se encontrar com Raoni o mais rápido possível. Ele vendo-a correndo decide deixá-la, Nina começa a cansar perto do seu destino mais sabia que não podia parar, pois se parasse ela não teria uma segunda chance, então começa a fazer suas preces enquanto tentava desviar das árvores que apareciam em seu caminho; ao chegar no rio ela desaba de cansaço não aguentando a dor de seu braço que latejava a cada respiração.


- Você conseguiu? –Raoni pergunta enquanto se aproxima da jovem.
- Sim aqui está ele está vindo... está vindo – Nina de tão cansada não aguentava mais nem sequer falar direito

- Ótimo com isso conseguiremos algo. –Enquanto ele a responde, coloca o pingente no pescoço de Nina. Não se preocupe, ele não se importará mais com você.


Com isso está tudo pronto, ele coloca o jarro na frente de Nina e corta-a os pulsos da jovem que não aguentava nem mais esboçar sinais de defesa, colocando o jarro de maneira que todo o sangue que saísse da jovem adentra-se ao jarro sem desperdiçar sangue dela.


- Você deveria ter prestado mais atenção jovem, a única maneira de acalma-lo  e fazendo um sacrifício, por isso eu tinha matado o Apoema e dado o sangue para o jarro, mas parece que não tinha surtido efeito, quando eu percebi era meio tarde, Ele já tinha começado a se divertir, portanto quando eu estava meditando percebi algo que não tinha me passado antes, o sacrifício tinha que ser de uma jovem, só assim eu poderia acalma-lo, sé não, todos iriam perecer diante de seu poder, esse colar que está com você é a chave para fechar o jarro, por isso pedi que o busca-se, sem ele eu não conseguiria completar o ritual. Obrigado Jovem Nina; espero que não guarde ressentimentos...


Quando Raoni termina de explicar os acontecimentos para Nina, o jarro já tinha enchido de maneira na qual já podia-se completar o ritual, então, Raoni a joga de lado enquanto seus olhos permaneciam abertos contemplando as estrelas que tinham um lindo brilho, ao terminar o ritual Raoni coloca o pingente dentro do jarro e fecha-o com uma tampa, com uma buraco já aberto mais cedo atrás da mesma moita onde o jarro foi encontrado Raoni enterra o jarro, com isso acalmando Ele uma vez mais, as pessoas da tribo que jaziam adormecidas na aldeia acordam sem nenhuma traço de memória do que teria acontecido e das pessoas que se envolveram no caso.


Meia Lua de Sangue

 

O sábios dizem que sempre aprendemos com o passado, que as piores coisas nos fortalecem! – penso enquanto leio escrituras antigas e escondidas ao fundo da igreja matriz. Rasteijei nas sombras para que os padres e nem o papa me observasse entrar no meu quarto com os livros que secretamente todos do papado chamavam de “incólumes”, em outras palavras Os Intocáveis. Diante da crise que o nosso mundo está não se deve mais esconder nem segredo que possa ajudar todas as pessoas, nem que isso custe a minha batina, ou até mesmo minha vida.
Línguas estranhas e culturas estranhas, não faz sentido a igreja esconder todos esses costumes de outra religião, de outro tempo! Um brisa gélida e tempestuosa invade o quarto, estranhamente com o céu e o tempo totalmente parado. Como se estivesse observando-me e guardando meus segredos, naquele momento entendi que finalmente fui pelo caminho certo, o caminho que me levará como prometido a minha morte.

Lembro-me que aos tempos atrás minha ama de leite contou-me sobre as guerras antigas, aonde usavam lanças, e catapultas improvisadas. O mar não era conhecido como agora, as terras não tinham dono, o mundo era do mundo e não dos homens. Ela também contara que quando os homens começaram a possuir as terras a natureza se revoltou, e a natureza é perversa quando é para pegar para si o que é dela por direito. Naquela época chamavam essa natureza por muitos nomes, mas não nomes conhecidos, nomes escondidos, nomes que agora está diante de mim nessas escrituras. A igreja escondeu e deu novos nomes para essa “natureza”, agora facilmente os chamam de ‘daímona’, ou Os demônios. – mais uma vez o vento frio, e consigo traz batidas de portas empurradas pelo vento, grilos inquietantes, ranger dos pregos nas frágeis estruturas da Igreja, olho mais uma vez através da janela e o tempo fecha sobre uma lua de sangue minguante, como eu disse: o mundo não é mais o mesmo.

Assim como um vento uivante sobre as janelas a igreja, os passos dos padres sobre a gigante e gótica igreja, são inquietantes. Corre-se para lá e para cá jurando-me ser que fosse para fechar as janelas que agora batiam com forças sobre as paredes, e a cada segundo que passava eu lia mais um trecho das histórias não contadas, agora descobri o que assustava tanto o papa, o que não podia ser visto por ninguém.  E a cada verso o mundo parecia mais escuro, mais dominado pela natureza.

Antes de chegar até a igreja eu era um menino de uma vila de pescador, e em uma noite como essa, a noite chamada de “Spít“, começara o caos desse mundo, e com isso o estopim da minha vida, a morte dos meus pais por uma criatura sombria da qual jurei vingança, mas agora minha vingança não serve mais para nada.  Porque não é minha vida que está em risco, e sim de todos que chegar perto desse mal. Mas aquela noite, ficou cravada. Lembro de cada detalhe, como o céu fechou em vermelho sangue, como os pássaros pararam de cantar com o medo que esfriava as suas espinhas, o frio que queimava mais que o fogo. Como os dentes da criatura era como uma lamina, que transformou meus pais em monstros, ao ponto de eles não se aguentarem e acabar com sua própria vida, para salvar-me ou se salvar, isso não importa. Pois agora esse mau consumiu mais da metade da população, e vivem no escuro, amedrontando com seu fúnebre cheiro de enxofre.

Desde do “Spít “eu comecei a estuda-los, indo atrás das histórias nunca contadas sobre ele, e foi assim que cheguei até aqui.  A igreja Ortodoxia Spít And Glore. Cheguei com o objetivo de saber mais, e estou há 5 anos, e faltem 3 para eu ser padre, mas o que adianta ganhar o céu e condenar todas as pessoas ao inferno! A cada ano melhorava na arte do exorcismo, pleno que Os Demônios que lá fora estavam fosse dizimados com essa tal arte. Em todos esses anos eu juntei todas as informações que eu obtive, escrevendo-as e as deixando seguras. Os incólumes era a última peça do meu quebra-cabeça, a forma de arrumar essa bagunça feita por antigos idiotas, a única forma de saber aonde começou tudo isso.

A bolsa com minhas escrituras estavam na minha esquerda, e os incólumes na direita, fazendo anotações sem parar, eu estava prestes a chegar no ponto exato aonde a história começou, então ouço batidas ligeiras na minha porta, chamando meu nome.

-Altestan! Altestan! Altestan! – reconheço a voz do clero Joseph, o que mais me assusta é que na minha chegada aqui ele foi o que mais me odiou, dizia-se que eu ia trazer desgraça a santa casa. De certo. Para ele ter vindo aqui deve ser algo urgente. Levanto rapidamente, assustado por Joseph está ali, suando das testas aos pés, com o pavor que conheço desde de criança, eu sabia quais seriam as próximas palavras.
- Altestan, meu caro Altestan, você estava certo! Eles estão por toda parte, são horríveis, são cruéis! – diz ele se com seu corpo grande e flácido se balançando ao entrar pelas portas do meu quarto.

-Calma, Joseph! Conte-me o que houve! – digo, enquanto ele se move sem parar pelo quarto pingando suor
-Eu estava com o papa, e e e e..apareceram, Os demônios, estavam lá! – gagueja, Joseph.
-Se acalme! Aonde está o papa?
- Eu não sei! Você é o único que pode ajudar, estudou tanto eles, você é o maior exorcista Altestan! Precisa salvar o papa! – os olhos esbugalhados. – Esses são os incólumes?! Você vai precisar não sabemos o que pode acontecer.
-Leve-me até lá! - Pego minhas escrituras e minha bolsa sacerdotal. Se agora é a hora de acabar com isso, então que seja!

Saio pela porta do quarto, todos os sons parecem agora, não existir mais. Como se ninguém nunca tivesse passado ali, como se o vento nunca passe, naquele corredor era apenas silêncio e leves movimentos de luz de vela. O Clero se tremia logo atrás de mim, dava para ouvir rezar enquanto batia dente no dente como quem tem medo da própria sombra. Ao passos que me aproximava do saguão principal aonde do outro lado havia uma porta azulada, estávamos chegando no papa. E cada passo que era dado um som fino e um cheiro ácido no ar ressoava e aromatizava cada vez mais. Essas eram então as tubulações do gás que rodava todo o edifício até chegar na cozinha, logo atrás da porta azul persa. Apenas uma luz tremula de vela abaixo da porta serve como iluminação do saguão, e apenas silencio.

Me aproximo ligeiramente da porta, e a abro devagar, vendo o papa de costas e de frente para o fogão, com rastros de sangue fresco rastejado na parede.
 A porta fecha atrás de mim com uma força sobre natural, me viro e vejo o rosto de, Joseph mudar, o homem que ali estivera não existe mais, olha para trás e o corpo do papa cai subidamente, com o globo ocular vazio, com a pele branca como papel, ele jazia morto.
Joseph olhava para mim com um olhar em chamas, uma saliva acida saindo pelos seus poros, e eu congelado, estático, sem conseguir pronunciar nenhuma palavra.

- Altestan...somos gratos por ter chegado até aqui – Diz, a criatura com uma voz gelatinosa e rustica. –   nunca teria conseguido chegar aqui se não fosse perseguindo seus passos. E chegou a hora de levar consigo nossa história, para enfim nos tornar eternos.
Rezo silenciosamente, uma parte de mim queria descobrir mais, assim como foi todos os anos de aprendizado, apenas estudar e descobrir cada vez mais. Eu agora tenho sede de sabedoria, e sempre sou bem que isso ia me matar.
-Assim nos torno eternos, ninguém chegara até nós, pois ninguém derrota a natureza! –

Eu corro em direção a porta para fugir dali, tentando enganar meu destino, já que minha reza não funcionava, tive eu optar por minhas pernas. Nesse momento a criatura risca apenas um fósforo e sorrir com dentes desgastados pela morte. E tudo vira quente, vermelho e morto. 

Diante dos Destroços


Estou no pico de um montanha de lixo, observando mais uma vez a que antes podia-se dizer paisagem, mas agora era só escuridão, como se o mundo fosse desmotivado a acordar, ele se negava a abrir os olhos do sol, a iluminação era fruto apenas da palita lua, dando tons azulados por todo o mundo, aonde você olhasse era pura destruição e escuridão.

Queria poder dizer que alguém nesse mundo pode consertar isso tudo, mas depois de 100 anos é difícil encontrar alguém que não seja um Asuras(monges chamam demônios de Asuras). As pessoas que viviam abaixo dessas construções destruídas agora não existe mais ou se transformou, mesmo os monges do monastério Das 7 luas, caíram.

Uma parte de mim diz que estou sozinho nisso aqui, que sou o ultimo monge vivo, ou até mesmo a última pessoa viva. O que não me dá motivos para eu continuar minha jornada, eu devia me acabar aqui terminar com esse sofrimento perpetuou de solidão, isso que se passa na mente quando está há tanto tempo só. Meu aprendizado como monge dizia que cada vida vale a pena, e se estou vivo ainda tenho um propósito, por isso tenho que continuar indo para não sei onde, enquanto Deus ou não sei o que me nega a morte. Desço a montanha de lixo e escombros, meus pés se vinculam com uma alça de uma bolsa. E eu tropeço girando muitas vezes até chegar ao chão, minha cabeça bate fortemente no chão, ouço zumbidos e....Desmaio.

Levanto devagar com uma dor dilacerante na cabeça, com a visão turva e desigual a minha mente, ouço sons indescritíveis, mas semelhante a uma empilhadeira. Sento-me devagar procurando a primeira coisa para me apoiar. Levanto-me e percebo que minha perna está quebrada, é mais que só a dor de cabeça, agora terei que lidar com uma perna quebrada. Atrás de mim acho uma madeira que pode servir de apoio, uma cruz quebrada ao meio, a pego fazendo como apoio para a perna. Subo metade da montanha de lixo, procurando o que me fez cair tão desgraçadamente, encontro uma bolsa, com um símbolo que me fez lembrar uma cruz dos antigos cristões. O pego e desço novamente. Com a perna fraturada e dolorida recaio sobre o chão, abro a bolsa, o som do maquinário fica ainda mais forte, me lembrando de que a única coisa que não devia ter nesse mundo atual era som. Mas o que está diante de mim, isso...todas as anotações de como tudo isso aconteceu, e como devia consertar.

“Padre Altestan, 25 de Janeiro de 2025...Tudo que sei sobre a natureza.”
– a cada palavra que eu lia eu tinha certeza... ISSO MUDA TUDO!

Respostas


Não muito depois do acontecido minha mente está aos prantos por saber tamanha verdade, não sabia se o pior séria nunca saber a verdade ou ter a descoberto, mas com o que sei agora preciso fazer algo, não posso deixar tudo como está, não mais. Dentro da bolsa tinha um mapa junto das cartas do Padre, provavelmente o levaria as escrituras antigas que Altestan cita em uma de suas cartas.


“As escrituras prometem leva-lo a verdade que só com o sacrifício será obtido”


Sinto que jornada será longa e perigosa, mas só assim chegarei aonde quero, depois de me arrumar e colocar tudo o que possivelmente iria precisar na bolsa que achei do padre, parti para uma aldeia próxima ao Mar onde está marcado no mapa, Altestan fala que essa aldeia possui um grande farol onde possivelmente estão as escrituras.



“Nesta aldeia possivelmente estão as escrituras que tanto procuro, mas ainda não chegou a minha hora, mas quando chegar irei pessoalmente ver essas escrituras, nelas contém toda a verdade que procuro por toda a minha vida sobre a Natureza e seus receptáculos”



Em três dias de viagem chego na vila com as mesmas características da qual Altestan descreve, com um farol já deteriorado, mas ainda em pé, apreço-me a ir ao farol antes de passar na vila.
-Parece que acertei o local, vamos ver se realmente a verdade está aqui...
Adentrando ao local observa-se o estrago que o tempo provoca, as escadas estão caindo aos poucos, provavelmente já faz décadas que ninguém aparece por aqui, ao chegar na parte superior do velho farol me deparo com uma visão incrível de toda as extensão de águas, mas que ao mesmo tempo me entristece por toda essa escuridão tão longa quanto as próprias lembranças, rapidamente olho ao meu redor e avisto um quadro um pouco mais ao fundo, este quadro me deixa nostálgico, antigamente pintávamos para nós expressar, retirando o quadro de seu lugar avisto um pequeno buraco atrás do quadro, e alguns itens atrás do mesmo, terminando de rasgar o pequeno buraco atrás do quadro consigo ver o que realmente procuro, documentos, escrituras antigas, tudo o que eu precisava para desvendar esse segredo, todas as minhas perguntas iriam ser respondidas com aqueles simples papeis, me pergunto incessantemente até abrir a primeira carta e começar a ler.


“Vicente, Janeiro de 1897
Cheguei em terras desconhecidas depois de vários dias navegando... Meu primeiro contato com os indígenas da região foi amigável, mas algo de estranho acontece neste lugar... Já perdemos 10 homens em pouco tempo, estimo estarmos em Janeiro ainda, mas o tempo aqui parece não existir... Estamos sendo expulsos das aldeias depois das mortes, os locais estão com medo de algo, eles o chamam de ELE, dizem que é a materialização da natureza...”


-Não entendo o que isso significa, quem é Vicente? Essa carta tem partes ilegíveis, vamos ver outra.

“Bispo Carlos, Novembro de 1967
Nossas fontes afirmam que conseguimos acalmar ELE, mas tudo o que vimos era apenas uma pequena fração de seu pode, acreditamos que não seja possível detê-lo não por agora...(ilegível) Mas descobrimos um ritual para acalma-lo até descobrirmos, esse ritual baseia-se em... Por fim temos que continuar nossas pesquisas o mais rápido possível”

-Vamos ver outra.


“Takeshi, 25 de Dezembro de 1999
Conseguimos extrair parte de seu poder, mas parece que o irritamos, cada vez mais precisamos intensificar os rituais...
31 de Dezembro
Não conseguimos... ELE escapou possivelmente irá atrás de sua parte que o tiramos, mas ele não conseguira achar, não por hora...
Ano 2000
Foi descoberto que terá um impacto natural no mundo esse pequeno deslize, Tsunamis, terremotos, vulcões entres outras catástrofes são esperadas, cinzas vulcânicas irão tampar nossa luz, iremos regressar...”


-Então esse é o motivo disso tudo estar acontecendo, mas como poderei parar isso?! As cartas só possuem relatos e nada mais! Deixe-me ver o que são essas coisas. Um pedaço de papel e um jarro, apenas isso, no papel apenas está escrito “Um caminho sem sacrifícios não o deterá, sacrifícios precisam ser feitos” vamos ver o que tem neste jarro, abro-o e me deparo com um pingente...

Ligações


-Ahhhhhh! o que aconteceu?! Onde estou? Meu braço o que aconteceu?
Se deparando com inúmeras arvores ao seu redor, não sabendo nem sequer imaginar onde está, ele apenas segue em frente, seguindo os sons de água corrente que ouviria a certo tempo, até encontrar o rio. -O que? Que brilho é esse que me ofusca tanto? O sol, como assim? O que ocorreu?

Ao observar mais atentamente o local nota-se um corpo. Aproximando-se dá para ver que se trata de uma belíssima mulher aparentemente jovem, morta, com seus punhos cortados, ao tocá-la para ver o rosto dela ele sente um calafrio arrepiando-o completamente ao mesmo tempo que parte de sua memória volta ao ponto de se lembrar o que ocorreu a horas atrás e talvez décadas!

- Como assim?! Eu matei aquelas pessoas? - Parece que finalmente está lembrando-se não é? –Uma voz masculina soa pelos ares - Quem está ai? – O monge pergunta olhando para todos os lados, sem saber de onde vem essa voz - Vai falar que não se lembra do seu velho companheiro? Vamos tente se lembrar? Apenas faz alguns anos que nos encontramos e você me aprisionou? Altestan me chame de Altestan... - Quem são vocês? – Uma voz feminina interrompe a conversa - Parece que temos mais uma conosco, essa foi rápido... seja bem vinda Nina!
 - Como você sabe o meu nome? Pergunta Nina - Acho que você já sabe essa resposta, compartilhamos todos o mesmo corpo, todos nós fomos pegos por ELE. E uma prisão sem volta, somos Eternos! – Responde Altestan

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